O que precisa ser dito

Sempre que preciso de um conselho, recorro a este blog, especialmente a esta postagem, dela tiro forças pra sempre recomeçar.

Luciana, enxuga as lágrimas, lava logo essa cara. Sei que tudo isso é novo para você, que tudo o que você sente é seu e que não adianta te dizer nada, mas não é da minha natureza ficar quieto. O que eu digo, se não te trouxer nada, pode ao menos te dar sono, quem sabe assim você pode dormir. Então ouve o que eu digo, vou pular as frases clichês, não vou dizer que o seu tá guardado, que todo chinelo tem seu par, toda panela sua tampa, que ele não te merecia, que você é muito melhor, não vou dizer que neste caso antes cedo do que tarde, nem que o que importa são as memórias boas. Todas essas papagaiadas que as pessoas soltam sem ter mais o que dizer.

Vou te falar que vai ser foda. Nos próximos meses você vai odiar o mundo, o cachorro e o papa, vai achar que foi escrito em algum lugar que pra todo mundo sim, mas que pra você não e vai ter certeza que uma sociedade secreta de políticos, empresários e pessoas influentes no meio artístico conspira para que todos os filmes te tragam uma lembrança, todas as musicas um pensamento.

Seus amigos vão perder a graça e vão te irritar pra te arrancar de casa, principalmente naqueles dias em que tudo o que você quer é se agarrar ao travesseiro e lavar a fronha com lágrimas. Não vou te dizer para não se irritar, isso é impossível. Mas tenha certeza que eles fazem isso para o seu bem e que apesar de todos os nãos, todas as raivas, todas as vezes que você mergulhar em um furor genocida, eles vão continuar insistindo a te arrancar de casa, a secar suas lágrimas e a empurrar desconhecidos na esperança tola de que uma paixão apague a outra. Eu estarei entre eles, pode ter certeza.

O que vai acontecer nos próximos meses vai ser um lapso narcopletico onde tudo vai ocorrer no automático, você vai fazer umas loucuras, provavelmente vai se afundar em um fosso de merda. Vai transar com quem não deve, vai querer morrer afogada em álcool, vai dirigir pela noite ouvindo musicas tristes, mas tudo vai passar como um sonho, desses que a gente sabe o conteúdo mas não lembra os detalhes. Você vai arrumar motivos para se culpar, seja porquê deu atenção demais, seja porquê não deu nenhuma atenção. Seja porquê nunca gritou, seja porquê só gritou no final. Vai se odiar por odiá-lo e vai odiá-lo por fazê-la odiar também, ou vai odiá-lo por não deixar de amá-lo, tanto faz. Vai ser para definir esses sentimentos que você vai viver por um tempo.

Mas um dia você vai acordar e não vai saber se tudo isso foi ontem ou no ano passado. Vai se levantar um belo dia chuvoso e vai trabalhar com a sensação que algo está faltando, vai voltar para a casa tentando descobrir se não deixou nada para fazer no trabalho e no meio do caminho vai ser arrastada para uma dessas baladas insanas que seus amigos mais doentes sempre arrumam de última hora. Estarão todos lá, todos aqueles que você evitava, com as mesmas gargalhadas, as mesmas piadas, as mesmas pornografias, os mesmos preconceitos e opiniões inflamadas ao sangue e vinho; e você vai rir e chorar, tentando esquecer essa estranha sensação de ter esquecido alguém.

Quando tudo isso passar, você não vai ser alguém melhor, nem pior, nem mais fraca nem mais forte. Apenas alguém diferente, com o brilho de quem enxergou outros mundos, de quem estendeu o braço sobre abismos ilimitados e finalmente tocou alguém. Seria estúpido dizer que você não vai cometer os mesmos erros, que não vai se entregar novamente e que não vai enlouquecer por completo. Por que somos humanos nessas nossas pequenas loucuras, nessa coisa disforme que chamamos de vida. Todo o amontoado de caos que faz as coisas saírem dos eixos e valerem realmente a pena.

Então eis ai o meu conselho: Sinceridade. No amor e no ódio, nas tristezas e na amizade. Não se engane e não se lamente, faça por você o necessário, esmurrando e batendo em qualquer coisa que te fere. Eu já disse uma vez, e isso deve servir para você também, “existem dois tipos de pessoa, as que me amam e as que não importam”. Então não hesite em trocar de telefone, em jogar fora fotografias, em bloquear msns (esse mal do mundo moderno que nos conecta a pessoas que não nos interessa), não pense duas vezes em estripar as memórias, boas ou ruins, guardando-as para um tempo em que elas não lhe causem dor, para esse dia em que você se levantar e tiver dificuldades de lembrar quem foi que você esqueceu. Onde todas essas babaquices vão se tornar piadas em uma mesa de bar.

Lembre-se: O mundo não gira ao seu redor. Gira ao meu!

Beijos.