O Pós cirúrgico

... Definitivamente após a injeção de não sei o que não me lembro de nada, se não tivesse visto o Dr. Maravilha antes da cirurgia, ia pensar que não operei. Tá confesso, até a realização do exames de contraste eu estava achando que não tinha operado.

Acordei depois da cirurgia, gritando de dor (?) Não sei que dor, mas eu reclamava e pedia anestesia, chamava as enfermeiras e mandava segurar minha mão, quando me trocaram de maca, pedi pra me colocar de lado, porque minhas costas estavam doloridas e eu fiquei gritando “Minha perna, minha perna” elas desesperadas “O que tem sua perna?” eu alucinando “Coloca uma em cima da outra!”. Acredito que tava saído da sala de cirurgia e indo pra sala de recuperação passar longas 4 horas.

O momento mais difícil da cirurgia pra mim foi a recuperação, eu lá pelada, deitada numa maca, com um monte de gente andando pra lá e pra ká. Tinha uma senhora do meu lado, ela tava tão quietinha, acho que tava dormindo, o aparelho dela ficava apitando toda hora e a enfermeira mandava ela respirar fundo, achei que ela ia morrer do meu lado, mas era bobeira, no outro dia a vi andando pelo corredor .

Eu cheguei a conclusão que sou meio mimada ou o espírito do meu falecido avô incorporou em mim. Ele sempre brigava com as enfermeiras eu fiz a mesma coisa. Ainda na recuperação eu pedia toda hora pra elas me virarem, depois conseguia virar sozinha e só ficava pedindo pra colocar um cobertor nas minhas costas assim poderia encostar e tentar dormir. Quem disse que eu queria dormir? Na verdade queria ir logo pro quarto, ver minha mãe, minha irmã, meu padrasto e claro o namorado. Achei que ninguém sabia como eu estava e eles só iriam acreditar que eu estava “viva” quando estivesse no quarto.

Lembro do médico ligando no quarto e falando que estava bem e eu estava na recuperação, ele falou com a minha irmã, disse também que era pra fazer uma troca no quarto, pois ele não gostava do andar que eu estava, queria de todos os jeitos que eu fosse pro segundo andar. Depois descobrimos que eu estava na ala da maternidade, no primeiro andar e a equipe de enfermeiros do segundo tinha mais habilidade com os operados do estomago.

Voltando a recuperação, eu pedia pra chamar o anestesista pra ele me dar mais remédio, não sentia dor, mas incomodo, queria deitar de barriga pra baixo e dormir, sentia muita sede, toda hora, pra variar, pedia pra enfermeira molhar meus lábios, reclamava que queria vomitar, que queria andar, que queria tomar banho, era um saco! Eu falei o tempo todo, isso porque os médicos dizem pra gente ficar quietos porque pode dar gases. Mas eu estava irritada.

Duas coisas que aconteceram na recuperação me marcaram muito. Uma delas era uma criança que não parava de chorar, acho que era um recém-nascido. Quase pedi pra enfermeira fazer algo pra calar a boca do menino. Mas fiquei com vergonha, vai que a mãe dele tava na sala também e ficaria puta comigo né? Depois quando eu tava lá reclamando da vida, do céu, do sol, da lua e de tudo a enfermeira abusadinha virou pra mim e falou “Fica quieta ai, ta vendo essa moça aqui do lado? Ela fez a mesma cirurgia que você e não ta reclamando!” Hunf, minha vontade na hora era de mandar ela ir pra bem longe, hehe, ia responder que ela era velha e já deveria ter feito milhares de cirurgia, eu era nova e era a minha primeira, mas, novamente fiquei quieta, vai que a enfermeira ficava putinha e me sacaneava! Quem tem c* tem medo!

Estava dando as 4 horas de recuperação, então enlouqueci, queria de todos os jeitos ir pro quarto as enfermeiras de saco cheio ligaram pro andar pedindo pra alguém ir me buscar, só que não tinha ninguém pra me buscar, então falei que era pra ela chamar meu padrasto que ele ia me levar até lá. Rezei tanto pra sair daquele lugar que logo chegaram pra me levar pro quarto.
Acho que tive a primeira alucinação nessa hora, quando estavam empurrando a maca, logo na entrada do centro cirúrgico estava meu padrasto e minha irmã e eu escutei uma música do Bruno e Marrone. Todo mundo jura que não tinha música nenhuma, mas eu ouvi e ainda pensei “Caracas o Ed (meu padrasto) me mata de vergonha, como ele coloca essa música aqui?”

Foi a primeira alucinação.

(Continua)